3 de out. de 2015

A VERDADE SOBRE O TAL "TIME DO POVO"...


POR BRUNO TOSTES


Há até bem pouco tempo, o futebol no Brasil era um esporte popular, a diversão do menos favorecido ao mais abonado! Uma forma acessível de unir e confraternizar pessoas de diferentes classes sociais e torná-los iguais durante 90 minutos.

Nos dias atuais, com as novas Arenas, altos salários de jogadores e técnicos e os preços absurdos das multas rescisórias para se contratar um atleta, as equipes se viram na obrigação de inflacionar de forma exorbitante os preços de ingressos dos jogos de suas equipesl. É a tal "gourmetização" do futebol. Essa ação é bem questionável, pois criou o dilema do que seria melhor e mais rentável para o clube: preços mais em conta e estádios cheios, ou jogos mais vazios com preços maiores?

Mas esse post não é pra analisar isso, e sim outro assunto que vem criando uma certa polêmica. Alguns times brasileiros sempre tiveram raízes mais fortes nas classes populares. É senso comum que alguns clubes sempre foram abertos à massa menos favorecida de seus respectivos estados, e, por isso, são considerados CLUBES DE MASSA. Uma pesquisa nas histórias desses times confirma isso com facilidade. Aqui em Minas, por exemplo, o Galo sempre foi conhecido por ser o time da massa, a agremiação que tinha em seu grupo negros e brancos e que tinha sua identidade consolidada desde sua origem, no nome e nas cores! Essa fama acompanha até mesmo o futebol do Atlético, e por isso sempre foi rotulado como um time de raça.

É claro que há torcedores do "povo" em todas as agremiações. Seria uma hipocrisia dizer que time A ou B tem exclusivamente torcedores "coxinhas". Nossa situação social possibilitou uma popularização de todos os times de futebol, mesmo aqueles de origens diferentes!

No entanto, há alguns dias, uma nova mania do torcedor smurf vem chamando a atenção. Agora cismaram que seu time é do "povo", que tem raízes populares e democráticas e que sempre foi o clube da massa em Minas Gerais. Aí já é chamar até mesmo o torcedor crüzeirense de burro. Qualquer pessoa mineira que goste de futebol, um pouquinho que seja, sabe que a origem deles é italiana, elitista e segregadora. O crüzeirense de verdade conhece a origem de seu clube, e sempre encheu o peito pra chamar o atleticano de "favelado".

Chega a ser até engraçado 
ver o esforço da atual diretoria do ex Ipiranga/Yale/Palestra em tentar fazer uma mentira deslavada dessas virar verdade. A própria falta de identidade deste clube durante anos já é um exemplo claro da busca por auto afirmação e torcedores. Nas primeiras décadas de sua existência, esse time era bem, mas bem menor que o América, que fazia com o Galo o chamado "Clássico das Multidões". Time do povo onde, meu Deus? Ainda mais desde 1921, como tenta convencer a rídícula campanha de marketing da sua atual diretoria.

Veja esse depoimento de Ubaldo, ídolo atleticano na década de 50, um dos maiores artilheiros da história do clube (137 gols) e que em 1958 marcou um gol dias depois de ter retornado ao Galo, e foi carregado pelo povo alvinegro do Independência até a Praça 7. 



Mas para que o texto não fique apenas nos fatos comuns e de conhecimento geral, seguem a seguir arquivos da Biblioteca Central da UFMG. Não fui eu quem disponilizou esse material na Universidade. Ele está lá, pra quem quiser ver! Nele se comprova nitidamente a origem pouco ou nada "popular" deste clube, influenciada pela sua raiz italiana, inspirada pelo líder fascista Benito Mussolini, que, de acordo com os documentos acima citados, era um herói para os primeiros mandatários crüzeirenses.

Importante dizer que não estou querendo insinuar que os italianos eram um povo ruim, de maneira alguma! Em todos os povos e crenças existem pessoas boas e más. Na Igreja, no seu trabalho, na política (mesmo que os bons nessa área estejam tão raros hoje em dia!), no Brasil, nos EUA, no Afeganistão. O mesmo acontece no futebol: na torcida do Galo, do rival, do São Paulo, do Grêmio, a escolha de um time não dita o caráter de ninguém. Inclusive muitos italianos que vieram pra cá nessa época escolheram torcer para o Atlético, e outros que não possuíam nenhum laço com a Itália escolheram o Palestra. O que deve ser reparado são os ideais daqueles que fizeram parte da fundação do time azul!


É nitido que a origem deste clube apresenta ligação ZERO não só com o "povo" de Minas Gerais, mas também com nosso próprio país. Tanto que nos primeiros anos, apenas italianos podiam jogar na equipe. Apenas um tempo depois brasileiros passaram a ser aceitos. E eu me refiro a brasileiros, mas não negros, que só vieram a ter acesso bem depois. Essa mentalidade pode ser vista claramente nas manifestações de idolatria ao líder fascista italiano da época:

"A Itália, a grande Mãe, de todos nós dessa vasta falange de seus filhos que cruzaram o oceano em busca de melhor fortuna, ao longo do solo fertilíssimo da terra hospitaleira (Brasil) – apesar da extensão quase infinita que nos separa dela (Itália), apesar dos longos anos de nossa ausência – a temos sempre muito viva em nosso pensamento, e sempre muito querida no coração: e esta chama de puro amor, que nunca acaba, que nos conforta e nos encoraja, que nos alegra e nos eleva. É por isso que, agora um homem – Mussolini – fez de nossa Itália uma Pátria digna de sua história milenar, nós exilados, que como vossa pessoa, sentimos em nossas veias o entusiasmo pelas coisas grandes e generosas, - nos sentimos altivos, orgulhosos das ações de nosso Herói, hoje digno da veneração nacional e da admiração universal.
E junto aos meus votos de maior grandeza e prosperidade, envio também 240,00 Liras em benefício deste Fascio.
Alalá ao Fascio Sant’Arseniese.
Alalá à nossa Itália.
Alalá a Mussolini.
Com os abraços fraternos,
Devmo. Raffaele Gagliardi"


Apenas para registro, Raffaele Gagliardi, o homem que assina o texto acima (e que pode ser visto nos documentos já citados!), foi o parceiro de negócios e confrade de Alfredo Noce, 2o Presidente da agremiação de múltiplos nomes, hoje conhecida como Crüzeiro. E ele era o presidente justamente em 1923, ano dos documentos em questão.

As páginas são do jornal ARALDO ITALIANO, tido como o órgão oficial do clube na época, que publicava rotineiramente notícias do Ypiranga/Yale/Palestra, e, curiosamente, tinha como principais nomes os mesmos Gagliardi (presidente) e Noce (tesoureiro). Ambos também faziam parte da cúpula da Fundação Dante Aleghieri, que difundia as culturas italiana e fascista no Brasil. 

Taí a real origem do clube que mais treme no Brasil! Mas acho normal...os que vivem cheios de vaidade têm essa necessidade de auto afirmação. Mesmo que pra isso tenham que mentir para si mesmos! É o velho ditado: "Conte uma mentira muitas vezes, e ela se tornará verdade!". Coitados, eles realmente acreditam nesse papinho de Time do Povo...

Ouvi outro dia um dirigente deles dizer ao vivo no 98 Futebol Clube que uma torcida vive de títulos e conquistas. Você está errado, meu caro! Uma torcida de verdade vive de sentimento e de amor! Títulos são apenas a cereja do bolo pra nós! Mas você nunca saberá o que é isso. Pergunte ao seu ex presidente Cesar Masci ou ao seu ex lateral direito Paulo Roberto... Ele te ensinarão o que aprenderam!  Às vezes você aprende também. Deve ser muito ruim ver a imprensa nacional, jogadores, dirigentes e pessoas que gostam e conhecem de futebol passarem anos e anos exaltando o Galo como time da Massa, de raça, de fibra. A VERDADEIRA SELEÇÃO DO POVO!

Clique aqui para ver os documentos. Para achá-los no link, basta procurar pelo ano das publicações (1923), mas, pra facilitar, abaixo estão imagens dos mesmos!

Boa leitura!







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